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Henrique Alves escreve sobre a morte do Mario Feres.

Henrique Alves é um amigo do Rio de Janeiro que acompanhou todo o processo da doença do Mario Feres através dos meus e-mails. Não conheceu o Mario. Hoje, 12 de Abril de 2011 ele escreveu: Algumas dores vão doer para toda a vida. Essas dores insistem em machucar a despeito da passagem do tempo ou das sublimações que tentamos nos impor. Elas não de deixam elaborar ou tratar. Elas nos falam de um tempo que não voltará ou de um futuro que não terá lugar em nossas vidas. Mas sabe, caro amigo, essas dores também nos falam de coisas bonitas e lindas que vivemos. Sente mais dor quem mais amou e se entregou. Quem mais deu atenção e cuidou. Não há como ser diferente. Quando escolhemos amar, inconsciente ou conscientemente também escolhemos sofrer. Sim, porque amar é sofrer. Sofremos quando nos separamos e perdemos. Sofremos perdas antecipadas ou acontecidas. Sofremos dores do existir e do não existir. Sofremos as saudades que vem morar conosco e nos acordar toda manhã. Mas esse sofrimento atesta uma intensa experiência de riqueza relacional e amorosa. Os brutos não sofrem porque se recusam a se entregar. Não experimentam as doces aventuras das relações livres de peias e amarras dos maus humores e resistências emocionais. Quando nos entregamos a um relacionamento desarmado nos arriscamos a sentir as dores do mundo. Quando nossos amigos partem deixam uma imprenchível saudade e um rico fundo de lembranças que nos fazem chorar a ausência. Mas essas saudades e dores nos tornam mais ricos, mais humanos e mais sensíveis. Nos fazem lembrar do quanto amamos, do quanto nos entregamos e do quanto recebemos. E assim, mais ricos e mais sofredores, somos desafiados a construir novos relacionamentos e a cuidar dos que ficaram e dependem de nosso amor, carinho e atenção. Me solidarizo com você e sua dor. Junto minhas dores às suas, minhas perdas às suas, minhas lembranças às suas. Aceite meu afetuoso abraço e minhas orações, querido Zé Márcio. Henrique Alves

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