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Diário de Marília entrevista Feis Feres - continuação

Diário – O que representa para o senhor a Tenda do Pai Thomaz?
Feis – Uma vida, já que ela está completando 48 anos. Trata-se de um comércio de imagens sagradas e complementos relacionados com a Umbanda, Quimbanda, Candomblé e outras seitas e religiões originárias de elementos afro-brasileiros. É um ramo que eu aprendi a gostar demais, pois a gente se comove com a fé e humildade das pessoas.
Diário – O senhor é considerado um ícone da música mariliense. Como a carreira começou?
Feis – Ainda muito jovem entrei para o conservatório musical com mais 10 amigos. Todos desistiram e continuei me aperfeiçoando no saxofone. Também fui cronner de orquestras, até formar o conjunto vocal Bambas do Ritmo, que consistia em cinco vozes e uma só melodia. Sinto muitas saudades. Em 1948, Oscarito, para mim o melhor comediante do Brasil, iria se apresentar em Marília no cine São Luiz e a comissão do evento nos convidou para fazer a abertura e o encerramento do show. Foi um sucesso, tanto que Oscarito nos chamou para o restante da sua turnê até o sul do país. E disse mais, que nos levaria para o Rio de Janeiro e nos "encaixaria" na Rádio Nacional, que era o auge na época. Mas, por falta de entendimento, acabou não dando certo e com a saída de dois percussionistas o conjunto acabou.
Diário – E o que veio depois?
Feis - Prossegui como cronner de algumas bandas até montar a minha, "Feis Féres e sua Orquestra", em 1957, composta por 18 músicos. A aceitação foi total. Eu comprava aqueles arranjos musicais em São Paulo, do Glen Miller, Benny Goodman e do famoso pistonista Harry James. Trazia as partituras e a orquestra ensaiava à exaustão, para que a música fluísse bem. O arranjo de Moonlight Serenade, por exemplo, era tão perfeito que, a pedidos, a música era tocada até três vezes em cada baile. O público delirava com a orquestra e não cessava com os aplausos. E isso aconteceu em muitas cidades brasileiras. Em Marília o coração bate mais forte quando me recordo do Clube dos Alfaiates. Foram tantas noites inesquecíveis que as lágrimas começam a brotar.
Diário – Foi com essa orquestra que o senhor estreou seu primeiro ônibus?
Feis – Rapaz, nem gosto de lembrar. Aquilo foi um desastre. Fomos para Londrina, estrada toda de terra, para um show no sábado. Só na ida dois pneus estouraram. O pior foi a volta. Mais dois pneus estourados e o ônibus quebrado. Quatro dias na estrada, sem tomar banho e passando necessidades. Só conseguimos chegar em Marília na quarta-feira. Então pensei: meu Deus, impossível acontecer mais alguma coisa. Não é que o motorista, ainda de madrugada, foi sozinho com o ônibus até Garça, pois ele morava lá, e acabou trombando? Aí não teve jeito, levei o ônibus para benzer...
Diário – Por que a orquestra acabou?
Feis – Tanto a orquestra como qualquer conjunto, se você não ensaiar bastante a coisa não vai. Havia músicos que moravam em Vera Cruz, Garça e outras cidades, e foi ficando cada vez mais difícil reuni-los. Você tem cinco saxofones, pistons e trombones. Se um elemento desfalca o grupo, já compromete a qualidade do som. Por isso, infelizmente, a orquestra terminou.
Diário – Como surgiu o Transa Som?
Feis – Em 1972, com a participação dos meus filhos Júnior e o Omar, que tinha pouco mais de 10 anos. A Ana Maria e o Mário, que tinha pouca idade, só vieram depois. A essência era minha família, mas ótimos profissionais integraram o grupo.
Diário – O senhor insistiu para que os filhos se tornassem músicos?
Feis – Não, sempre proporcionei o melhor estudo a eles porque sabia do futuro incerto que tem esse profissional. Mas em casa a gente respirava música. Eu sempre mantive muitos instrumentos no fundo do quintal. Quando as crianças chegavam da escola, cada uma pegava o seu e tudo era uma festa. Assim nasceu o Transa Som, numa época que Marília contava com cerca de 20 conjuntos.
Diário – Como foi a estréia do Transa Som fora de Marília? Leia mais

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