Feis – Tive um desânimo em virtude do avanço tecnológico, quando ao apertar um simples botão a pessoa tirava um arranjo. Ao preparar uma música (acordes e harmonia) a gente levava 10 dias para se chegar à perfeição. Mas, durante todos esses anos, sempre acompanhei a "onda". Quanto mais versátil o repertório, melhor. Por exemplo, no auge das discotecas, nos anos 70. Você tinha que apresentar uma seleção dessas músicas, porque elas estavam na boca do povo. Por isso que o Transa Som era tão solicitado. E hoje, modéstia à parte, seria um dos melhores conjuntos do Brasil, porque capacidade nunca faltou aos seus integrantes.
Diário – A música lhe deu muito dinheiro?
Feis – Não, porque vivi a música como uma arte e toda arte requer apenas muito amor e dedicação. Ganhar dinheiro no interior sempre foi mais difícil. Hoje você vê algumas bandas insignificantes fazendo sucesso com cachês milionários. O poder econômico as impulsiona através da mídia e por trás de tudo isso há muitos interesses. É duro lembrar de tantas orquestras maravilhosas que não tiveram o apoio necessário e acabaram na amargura. Consegui estudar todos meus filhos porque nunca parei de trabalhar. Permita-me aqui lembrar o político grego Péricles: "O segredo da felicidade está na liberdade; o segredo da liberdade está na coragem".
Diário – O senhor quer deixar alguma mensagem nessa entrevista?
Feis – Gostaria de aproveitar esse espaço e expressar aos meus filhos sobre a sua importância em minha vida. O Júnior, baterista, tecladista e um ótimo cantor. Gravou um CD em cinco idiomas e foi um excelente dentista. Ainda estou atordoado com a sua partida prematura, mas tenho certeza que ele está ao lado de Deus nos abençoando. O Omar, que tirava uma guitarra como ninguém, tocava também contrabaixo, dava show no cavaquinho e era muito animador. Hoje é um médico bem conceituado em Ribeirão Preto O Mário, cirurgião-dentista em Londrina, com muita dedicação à música, pianista, guitarrista, baterista e que já se apresentou diversas vezes no exterior. E a Ana Maria, advogada e empresária (Ótica Féres) que também cantou em muitos bailes do Transa Som.
Diário – Mais alguma coisa?
Feis – Marília, cidade do meu coração. Cidade que me deu cultura, situação financeira e muito amor. Marília, eu te amo muito!
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Matéria do Diário de Marília (28 de setembro de 2008)
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