Perdemos Mário Feres, por Rosana Zaidan
Amigos a gente conta nos dedos da mão, dizia meu pai. Mário Féres, um dos maiores pianistas que o Brasil já teve, entrava nessa conta. Talentoso, alegre, entusiasmado e disponível, ele era sempre o mais sorridente e o mais amoroso de qualquer grupo. Paulo Jobim, o filho de Tom, o conheceu aqui em Ribeirao Preto, em 1994 e não o deixou mais. Viria ainda uma vez a Ribeirão Preto para fazer novo show com Mário e a caríssima mulher dele, também minha irmã, a cantora Vânia Lucas, em maio. Fizeram vários aqui e em outras cidades. Paulo Jobim convidou Mário para escrever algumas partituras de Tom no songbook definitivo que fez com o resgate de toda a obra do pai. Por conta desse relacionamento, Mário também fez piano para o Quarteto Jobim, substituindo Daniel Jobim, o neto de Tom, algumas vezes. Com o violoncelista e maestro Jacques Morelembaum, foi a Hannover e muitas outras cidades europeias, onde tocou nos melhores palcos a obra jobiniana. Dele dizia outro amigo, José Márcio Castro Alves, que o acompanhou diariamente em sua incrível e inacreditável despedida de 51 dias num leito de hospital: “é o único Tom Jobim possível”. Mário também cantava. Contava piadas. Participava de espetáculos no Rio e em São Paulo. Era craque no piano, mas podia tocar qualquer instrumento. E que produtor musical. E que amigo. Que aglutinador de artistas de todas as correntes. Arranjou e compôs músicas para vários especiais na EPTV. Fez vários discos. João Viviani, outro grande pianista de Ribeirão Preto, fez com ele seu último disco. Mário partiu agora há pouco. Nos deixou mais pobres, mais carentes de alegria. À Vânia, sua mulher, Luísa e Thomas, seus filhos, fica o legado de sua arte e de sua generosidade incomparável. A nós, a lembrança de um ser iluminado, um doce menino, um delicioso amigo, um fantástico artista.
(30/4/1967- 01/04/2011)
PERDEMOS MÁRIO FÉRES
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Jose Marcio Castro Alves
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Diário de Marília entrevista Feis Feres - continuação - final
Feis – Tive um desânimo em virtude do avanço tecnológico, quando ao apertar um simples botão a pessoa tirava um arranjo. Ao preparar uma música (acordes e harmonia) a gente levava 10 dias para se chegar à perfeição. Mas, durante todos esses anos, sempre acompanhei a "onda". Quanto mais versátil o repertório, melhor. Por exemplo, no auge das discotecas, nos anos 70. Você tinha que apresentar uma seleção dessas músicas, porque elas estavam na boca do povo. Por isso que o Transa Som era tão solicitado. E hoje, modéstia à parte, seria um dos melhores conjuntos do Brasil, porque capacidade nunca faltou aos seus integrantes.
Diário – A música lhe deu muito dinheiro?
Feis – Não, porque vivi a música como uma arte e toda arte requer apenas muito amor e dedicação. Ganhar dinheiro no interior sempre foi mais difícil. Hoje você vê algumas bandas insignificantes fazendo sucesso com cachês milionários. O poder econômico as impulsiona através da mídia e por trás de tudo isso há muitos interesses. É duro lembrar de tantas orquestras maravilhosas que não tiveram o apoio necessário e acabaram na amargura. Consegui estudar todos meus filhos porque nunca parei de trabalhar. Permita-me aqui lembrar o político grego Péricles: "O segredo da felicidade está na liberdade; o segredo da liberdade está na coragem".
Diário – O senhor quer deixar alguma mensagem nessa entrevista?
Feis – Gostaria de aproveitar esse espaço e expressar aos meus filhos sobre a sua importância em minha vida. O Júnior, baterista, tecladista e um ótimo cantor. Gravou um CD em cinco idiomas e foi um excelente dentista. Ainda estou atordoado com a sua partida prematura, mas tenho certeza que ele está ao lado de Deus nos abençoando. O Omar, que tirava uma guitarra como ninguém, tocava também contrabaixo, dava show no cavaquinho e era muito animador. Hoje é um médico bem conceituado em Ribeirão Preto O Mário, cirurgião-dentista em Londrina, com muita dedicação à música, pianista, guitarrista, baterista e que já se apresentou diversas vezes no exterior. E a Ana Maria, advogada e empresária (Ótica Féres) que também cantou em muitos bailes do Transa Som.
Diário – Mais alguma coisa?
Feis – Marília, cidade do meu coração. Cidade que me deu cultura, situação financeira e muito amor. Marília, eu te amo muito!
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Matéria do Diário de Marília (28 de setembro de 2008)
Diário – A música lhe deu muito dinheiro?
Feis – Não, porque vivi a música como uma arte e toda arte requer apenas muito amor e dedicação. Ganhar dinheiro no interior sempre foi mais difícil. Hoje você vê algumas bandas insignificantes fazendo sucesso com cachês milionários. O poder econômico as impulsiona através da mídia e por trás de tudo isso há muitos interesses. É duro lembrar de tantas orquestras maravilhosas que não tiveram o apoio necessário e acabaram na amargura. Consegui estudar todos meus filhos porque nunca parei de trabalhar. Permita-me aqui lembrar o político grego Péricles: "O segredo da felicidade está na liberdade; o segredo da liberdade está na coragem".
Diário – O senhor quer deixar alguma mensagem nessa entrevista?
Feis – Gostaria de aproveitar esse espaço e expressar aos meus filhos sobre a sua importância em minha vida. O Júnior, baterista, tecladista e um ótimo cantor. Gravou um CD em cinco idiomas e foi um excelente dentista. Ainda estou atordoado com a sua partida prematura, mas tenho certeza que ele está ao lado de Deus nos abençoando. O Omar, que tirava uma guitarra como ninguém, tocava também contrabaixo, dava show no cavaquinho e era muito animador. Hoje é um médico bem conceituado em Ribeirão Preto O Mário, cirurgião-dentista em Londrina, com muita dedicação à música, pianista, guitarrista, baterista e que já se apresentou diversas vezes no exterior. E a Ana Maria, advogada e empresária (Ótica Féres) que também cantou em muitos bailes do Transa Som.
Diário – Mais alguma coisa?
Feis – Marília, cidade do meu coração. Cidade que me deu cultura, situação financeira e muito amor. Marília, eu te amo muito!
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Matéria do Diário de Marília (28 de setembro de 2008)
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Diário de Marília entrevista Feis Feres - continuação 3
Feis – Num reveillon em São Carlos. Somente quando chegamos na cidade me informaram que das 23h às 2h iríamos tocar apenas músicas suaves para uma platéia seleta. Depois é que as portas seriam abertas para o público. Aí me deu aquela tremedeira, por causa de tamanha responsabilidade: o cachê era generoso e os músicos inexperientes. Transmiti otimismo a todos, escondendo a minha preocupação. Não deu nem 20 minutos de som e todos os casais largaram a ceia e começaram a dançar. Aplausos e mais aplausos. Depois das duas da manhã, então, com toda aquela moçada animada lotando o clube, o baile "pegou fogo". Foi memorável. O êxito dessa apresentação espalhou-se e posteriormente ficou difícil achar uma data na agenda do conjunto.
Diário – Então o grupo foi se modernizando?
Feis – Sim, até que consegui comprar um caminhão, pois usávamos cerca de 25 caixas de som, mais de 20 microfones, indumentárias e outros acessórios. Certa vez um empresário me procurou e disse que na Hípica de Campinas nunca aparecera uma banda que agradasse o associado no carnaval. E lá fomos nós. Levei cinco "transetes" (bailarinas) e fomos ovacionados. Sete horas da manhã e não havia como deixar o palco.
Diário – Cite mais alguns eventos marcantes.
Feis – Foram muitos, principalmente quando me apresentei com meus filhos no famoso programa "Almoço com as estrelas", do Airton Rodrigues e Lolita, na TV Tupi. No tradicional "Baile das Personalidades", em Piracicaba, abrilhantamos shows de Pedrinho Mattar, Isaurinha Garcia, entre outros. Também acompanhamos Luiz Ayrão, Jorge Ben e Agnaldo Rayol. O Transa Som tinha repertório variado e agradava aos mais diferentes tipos de público. Alguns de nossos profissionais se caracterizavam de Maria Bethânia, Cauby Peixoto, Raul Seixas e Edit Piaf e davam um verdadeiro espetáculo.
Diário – O Transa Som encerrou as atividades depois de 26 anos, em 1998. Por quê?
Feis – Pelos mesmos motivos da orquestra, ou seja, as dificuldades com o ensaio. Meus filhos já estavam residindo em outras cidades, cada qual seguindo sua profissão, tornando-se inviável a continuidade do conjunto.
Diário – Como o senhor "administrava" calotes, brigas no salão, embriaguez e outros acontecimentos próprios de bailes?
Feis – Bom, é difícil você apontar uma banda que nunca tomou um calote ou qualquer prejuízo financeiro. Mesmo sabendo que o cano poderia acontecer, a gente, pelo respeito que sempre nutriu pelo público, nunca deixou de tocar. Antigamente os contratos eram informais, às vezes só na palavra. E o pagamento era feito após as apresentações. Com o tempo, tentava-se negociar com o caloteiro para que o prejuízo não fosse total. Hoje é tudo diferente. Ninguém canta e toca sem pagamento antecipado. Quanto a brigas, não tenho nenhum fato relevante pra contar. Em todas nossas apresentações, graças a Deus, prevaleceram a animação e o respeito do público.
Diário – Mas os músicos tomavam uns "gorós" pra manter o pique, né?
Feis – É evidente que sempre alguma coisa escapa. Mas eu era muito rígido, não admitia em hipótese alguma misturar bebida alcoólica com trabalho. Após os shows, tudo bem, o pessoal entrava no uísque e cerveja. Lembro-me de uma passagem por Três Lagoas (MS). O baile fervia e todo mundo queria saber como o Transa Som conseguia manter aquela energia por tantas horas. Até que uns diretores entraram no camarim e só viram água mineral. Ficaram boquiabertos.
Diário – O senhor alguma vez se decepcionou com a música?
leia mais
Diário – Então o grupo foi se modernizando?
Feis – Sim, até que consegui comprar um caminhão, pois usávamos cerca de 25 caixas de som, mais de 20 microfones, indumentárias e outros acessórios. Certa vez um empresário me procurou e disse que na Hípica de Campinas nunca aparecera uma banda que agradasse o associado no carnaval. E lá fomos nós. Levei cinco "transetes" (bailarinas) e fomos ovacionados. Sete horas da manhã e não havia como deixar o palco.
Diário – Cite mais alguns eventos marcantes.
Feis – Foram muitos, principalmente quando me apresentei com meus filhos no famoso programa "Almoço com as estrelas", do Airton Rodrigues e Lolita, na TV Tupi. No tradicional "Baile das Personalidades", em Piracicaba, abrilhantamos shows de Pedrinho Mattar, Isaurinha Garcia, entre outros. Também acompanhamos Luiz Ayrão, Jorge Ben e Agnaldo Rayol. O Transa Som tinha repertório variado e agradava aos mais diferentes tipos de público. Alguns de nossos profissionais se caracterizavam de Maria Bethânia, Cauby Peixoto, Raul Seixas e Edit Piaf e davam um verdadeiro espetáculo.
Diário – O Transa Som encerrou as atividades depois de 26 anos, em 1998. Por quê?
Feis – Pelos mesmos motivos da orquestra, ou seja, as dificuldades com o ensaio. Meus filhos já estavam residindo em outras cidades, cada qual seguindo sua profissão, tornando-se inviável a continuidade do conjunto.
Diário – Como o senhor "administrava" calotes, brigas no salão, embriaguez e outros acontecimentos próprios de bailes?
Feis – Bom, é difícil você apontar uma banda que nunca tomou um calote ou qualquer prejuízo financeiro. Mesmo sabendo que o cano poderia acontecer, a gente, pelo respeito que sempre nutriu pelo público, nunca deixou de tocar. Antigamente os contratos eram informais, às vezes só na palavra. E o pagamento era feito após as apresentações. Com o tempo, tentava-se negociar com o caloteiro para que o prejuízo não fosse total. Hoje é tudo diferente. Ninguém canta e toca sem pagamento antecipado. Quanto a brigas, não tenho nenhum fato relevante pra contar. Em todas nossas apresentações, graças a Deus, prevaleceram a animação e o respeito do público.
Diário – Mas os músicos tomavam uns "gorós" pra manter o pique, né?
Feis – É evidente que sempre alguma coisa escapa. Mas eu era muito rígido, não admitia em hipótese alguma misturar bebida alcoólica com trabalho. Após os shows, tudo bem, o pessoal entrava no uísque e cerveja. Lembro-me de uma passagem por Três Lagoas (MS). O baile fervia e todo mundo queria saber como o Transa Som conseguia manter aquela energia por tantas horas. Até que uns diretores entraram no camarim e só viram água mineral. Ficaram boquiabertos.
Diário – O senhor alguma vez se decepcionou com a música?
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Diário de Marília entrevista Feis Feres - continuação
Diário – O que representa para o senhor a Tenda do Pai Thomaz?
Feis – Uma vida, já que ela está completando 48 anos. Trata-se de um comércio de imagens sagradas e complementos relacionados com a Umbanda, Quimbanda, Candomblé e outras seitas e religiões originárias de elementos afro-brasileiros. É um ramo que eu aprendi a gostar demais, pois a gente se comove com a fé e humildade das pessoas.
Diário – O senhor é considerado um ícone da música mariliense. Como a carreira começou?
Feis – Ainda muito jovem entrei para o conservatório musical com mais 10 amigos. Todos desistiram e continuei me aperfeiçoando no saxofone. Também fui cronner de orquestras, até formar o conjunto vocal Bambas do Ritmo, que consistia em cinco vozes e uma só melodia. Sinto muitas saudades. Em 1948, Oscarito, para mim o melhor comediante do Brasil, iria se apresentar em Marília no cine São Luiz e a comissão do evento nos convidou para fazer a abertura e o encerramento do show. Foi um sucesso, tanto que Oscarito nos chamou para o restante da sua turnê até o sul do país. E disse mais, que nos levaria para o Rio de Janeiro e nos "encaixaria" na Rádio Nacional, que era o auge na época. Mas, por falta de entendimento, acabou não dando certo e com a saída de dois percussionistas o conjunto acabou.
Diário – E o que veio depois?
Feis - Prossegui como cronner de algumas bandas até montar a minha, "Feis Féres e sua Orquestra", em 1957, composta por 18 músicos. A aceitação foi total. Eu comprava aqueles arranjos musicais em São Paulo, do Glen Miller, Benny Goodman e do famoso pistonista Harry James. Trazia as partituras e a orquestra ensaiava à exaustão, para que a música fluísse bem. O arranjo de Moonlight Serenade, por exemplo, era tão perfeito que, a pedidos, a música era tocada até três vezes em cada baile. O público delirava com a orquestra e não cessava com os aplausos. E isso aconteceu em muitas cidades brasileiras. Em Marília o coração bate mais forte quando me recordo do Clube dos Alfaiates. Foram tantas noites inesquecíveis que as lágrimas começam a brotar.
Diário – Foi com essa orquestra que o senhor estreou seu primeiro ônibus?
Feis – Rapaz, nem gosto de lembrar. Aquilo foi um desastre. Fomos para Londrina, estrada toda de terra, para um show no sábado. Só na ida dois pneus estouraram. O pior foi a volta. Mais dois pneus estourados e o ônibus quebrado. Quatro dias na estrada, sem tomar banho e passando necessidades. Só conseguimos chegar em Marília na quarta-feira. Então pensei: meu Deus, impossível acontecer mais alguma coisa. Não é que o motorista, ainda de madrugada, foi sozinho com o ônibus até Garça, pois ele morava lá, e acabou trombando? Aí não teve jeito, levei o ônibus para benzer...
Diário – Por que a orquestra acabou?
Feis – Tanto a orquestra como qualquer conjunto, se você não ensaiar bastante a coisa não vai. Havia músicos que moravam em Vera Cruz, Garça e outras cidades, e foi ficando cada vez mais difícil reuni-los. Você tem cinco saxofones, pistons e trombones. Se um elemento desfalca o grupo, já compromete a qualidade do som. Por isso, infelizmente, a orquestra terminou.
Diário – Como surgiu o Transa Som?
Feis – Em 1972, com a participação dos meus filhos Júnior e o Omar, que tinha pouco mais de 10 anos. A Ana Maria e o Mário, que tinha pouca idade, só vieram depois. A essência era minha família, mas ótimos profissionais integraram o grupo.
Diário – O senhor insistiu para que os filhos se tornassem músicos?
Feis – Não, sempre proporcionei o melhor estudo a eles porque sabia do futuro incerto que tem esse profissional. Mas em casa a gente respirava música. Eu sempre mantive muitos instrumentos no fundo do quintal. Quando as crianças chegavam da escola, cada uma pegava o seu e tudo era uma festa. Assim nasceu o Transa Som, numa época que Marília contava com cerca de 20 conjuntos.
Diário – Como foi a estréia do Transa Som fora de Marília? Leia mais
Feis – Uma vida, já que ela está completando 48 anos. Trata-se de um comércio de imagens sagradas e complementos relacionados com a Umbanda, Quimbanda, Candomblé e outras seitas e religiões originárias de elementos afro-brasileiros. É um ramo que eu aprendi a gostar demais, pois a gente se comove com a fé e humildade das pessoas.
Diário – O senhor é considerado um ícone da música mariliense. Como a carreira começou?
Feis – Ainda muito jovem entrei para o conservatório musical com mais 10 amigos. Todos desistiram e continuei me aperfeiçoando no saxofone. Também fui cronner de orquestras, até formar o conjunto vocal Bambas do Ritmo, que consistia em cinco vozes e uma só melodia. Sinto muitas saudades. Em 1948, Oscarito, para mim o melhor comediante do Brasil, iria se apresentar em Marília no cine São Luiz e a comissão do evento nos convidou para fazer a abertura e o encerramento do show. Foi um sucesso, tanto que Oscarito nos chamou para o restante da sua turnê até o sul do país. E disse mais, que nos levaria para o Rio de Janeiro e nos "encaixaria" na Rádio Nacional, que era o auge na época. Mas, por falta de entendimento, acabou não dando certo e com a saída de dois percussionistas o conjunto acabou.
Diário – E o que veio depois?
Feis - Prossegui como cronner de algumas bandas até montar a minha, "Feis Féres e sua Orquestra", em 1957, composta por 18 músicos. A aceitação foi total. Eu comprava aqueles arranjos musicais em São Paulo, do Glen Miller, Benny Goodman e do famoso pistonista Harry James. Trazia as partituras e a orquestra ensaiava à exaustão, para que a música fluísse bem. O arranjo de Moonlight Serenade, por exemplo, era tão perfeito que, a pedidos, a música era tocada até três vezes em cada baile. O público delirava com a orquestra e não cessava com os aplausos. E isso aconteceu em muitas cidades brasileiras. Em Marília o coração bate mais forte quando me recordo do Clube dos Alfaiates. Foram tantas noites inesquecíveis que as lágrimas começam a brotar.
Diário – Foi com essa orquestra que o senhor estreou seu primeiro ônibus?
Feis – Rapaz, nem gosto de lembrar. Aquilo foi um desastre. Fomos para Londrina, estrada toda de terra, para um show no sábado. Só na ida dois pneus estouraram. O pior foi a volta. Mais dois pneus estourados e o ônibus quebrado. Quatro dias na estrada, sem tomar banho e passando necessidades. Só conseguimos chegar em Marília na quarta-feira. Então pensei: meu Deus, impossível acontecer mais alguma coisa. Não é que o motorista, ainda de madrugada, foi sozinho com o ônibus até Garça, pois ele morava lá, e acabou trombando? Aí não teve jeito, levei o ônibus para benzer...
Diário – Por que a orquestra acabou?
Feis – Tanto a orquestra como qualquer conjunto, se você não ensaiar bastante a coisa não vai. Havia músicos que moravam em Vera Cruz, Garça e outras cidades, e foi ficando cada vez mais difícil reuni-los. Você tem cinco saxofones, pistons e trombones. Se um elemento desfalca o grupo, já compromete a qualidade do som. Por isso, infelizmente, a orquestra terminou.
Diário – Como surgiu o Transa Som?
Feis – Em 1972, com a participação dos meus filhos Júnior e o Omar, que tinha pouco mais de 10 anos. A Ana Maria e o Mário, que tinha pouca idade, só vieram depois. A essência era minha família, mas ótimos profissionais integraram o grupo.
Diário – O senhor insistiu para que os filhos se tornassem músicos?
Feis – Não, sempre proporcionei o melhor estudo a eles porque sabia do futuro incerto que tem esse profissional. Mas em casa a gente respirava música. Eu sempre mantive muitos instrumentos no fundo do quintal. Quando as crianças chegavam da escola, cada uma pegava o seu e tudo era uma festa. Assim nasceu o Transa Som, numa época que Marília contava com cerca de 20 conjuntos.
Diário – Como foi a estréia do Transa Som fora de Marília? Leia mais
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Mario Feres canta O Bom Romance, de parceria com Guca Domenico.
Foi depois da morte do Mario Feres que vim a conhecer Guca Domenico, por correspondência. Ele me enviou duas músicas em parceria com o Mario e eu as publiquei no blog.
Vasculhando os meus arquivos me deparo com uma raridade: O Mario me mostrando O Bom Romance (Mario Feres e Guca Domenico) com ele ao piano, tocando e cantando no aniversário da Vânia Lucas, em 5 de outubro de 2008.
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Vania Lucas no Pedro II: “Um beijo pro Tom e um beijo pro Mario”
por José Márcio Castro Alves
O presente que o Ribeirão Shopping deu a Ribeirão Preto nos seu aniversário dos seus 30 anos não foi só a música de Antonio Carlos Jobim, mas o próprio Tom Jobim em pessoa, vivíssimo, real, palpável, deslumbrante. Coisa do destino.
Paulo Jobim, filho de Tom e o ilustre convidado do Ribeirão Shopping, logo após a sua primeira apresentação (Chora oração), fez questão de chamar e citar Vânia Lucas em pé de igualdade às grandes cantoras populares que gravaram a música de Tom Jobim. Altiva, forte, bonita e bastante descontraída, Vânia Lucas entrou no palco com personalidade, dando início à uma ótima apresentação. Cantou à frente de uma grande orquestra com naturalidade, leveza e simpatia. Sorveu merecidamente a apoteose desse grande sonho idealizado com o marido ainda em 2010, quando o saudoso Mario Feres nem sonhava que uma doença fatal o corroia na calada de uma fatalidade mais que trágica.
O show “Antonio Carlos Jobim, do violão à orquestra”, nos trouxe um Tom Jobim requintado e completo, do jeito que o Tom e o Mario gostavam e como deve ser feito, com sonoridade sinfônica e arranjos bem elaborados - A fina flor de uma música grandiosa e universal.
O maestro Reginaldo Nascimento, que roubou várias cenas com toques de informalidade e simpatia, abriu a noite com a célebre Garota de Ipanema, com arranjo de Eumir Deodato, outro gênio da raça. Foram muitas canções brotadas na batuta do maestro Reginaldo.
Vânia Lucas e Paulo Jobim deram um show à parte. Não apenas por cantarem as belas canções do Tom, mas pela própria presença no palco, relembrando candidamente os inúmeros shows que fizeram com o célebre trio Paulo Jobim, Mario Feres e Vânia Lucas ao longo de 14 anos.
Parabéns ao Ribeirão Shopping pelos seus 30 anos, parabéns à Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto pela grande performance, parabéns aos maestros Reginaldo Nascimento e Paulo Jobim, parabéns à cantora Vânia Lucas e a todos músicos e organizadores que nos fizeram mais felizes nesta noite memorável de 5 de maio de 2011 no Teatro Pedro II.
O Blog do Mario esteve presente, com o apoio de Ana Flora Siqueira ajudando a filmar o espetáculo.
Como bem disse a Vânia Lucas ao abrir o show, um beijo pro Tom e um beijo pro Mario.
José Márcio Castro Alves
O presente que o Ribeirão Shopping deu a Ribeirão Preto nos seu aniversário dos seus 30 anos não foi só a música de Antonio Carlos Jobim, mas o próprio Tom Jobim em pessoa, vivíssimo, real, palpável, deslumbrante. Coisa do destino.
Paulo Jobim, filho de Tom e o ilustre convidado do Ribeirão Shopping, logo após a sua primeira apresentação (Chora oração), fez questão de chamar e citar Vânia Lucas em pé de igualdade às grandes cantoras populares que gravaram a música de Tom Jobim. Altiva, forte, bonita e bastante descontraída, Vânia Lucas entrou no palco com personalidade, dando início à uma ótima apresentação. Cantou à frente de uma grande orquestra com naturalidade, leveza e simpatia. Sorveu merecidamente a apoteose desse grande sonho idealizado com o marido ainda em 2010, quando o saudoso Mario Feres nem sonhava que uma doença fatal o corroia na calada de uma fatalidade mais que trágica.
O show “Antonio Carlos Jobim, do violão à orquestra”, nos trouxe um Tom Jobim requintado e completo, do jeito que o Tom e o Mario gostavam e como deve ser feito, com sonoridade sinfônica e arranjos bem elaborados - A fina flor de uma música grandiosa e universal.
O maestro Reginaldo Nascimento, que roubou várias cenas com toques de informalidade e simpatia, abriu a noite com a célebre Garota de Ipanema, com arranjo de Eumir Deodato, outro gênio da raça. Foram muitas canções brotadas na batuta do maestro Reginaldo.
Vânia Lucas e Paulo Jobim deram um show à parte. Não apenas por cantarem as belas canções do Tom, mas pela própria presença no palco, relembrando candidamente os inúmeros shows que fizeram com o célebre trio Paulo Jobim, Mario Feres e Vânia Lucas ao longo de 14 anos.
Parabéns ao Ribeirão Shopping pelos seus 30 anos, parabéns à Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto pela grande performance, parabéns aos maestros Reginaldo Nascimento e Paulo Jobim, parabéns à cantora Vânia Lucas e a todos músicos e organizadores que nos fizeram mais felizes nesta noite memorável de 5 de maio de 2011 no Teatro Pedro II.
O Blog do Mario esteve presente, com o apoio de Ana Flora Siqueira ajudando a filmar o espetáculo.
Como bem disse a Vânia Lucas ao abrir o show, um beijo pro Tom e um beijo pro Mario.
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Mario Feres e Paulo Vieira, parceiros naturais.
por José Márcio Castro Alves
Era muito raro assistirmos a um show do Mario Feres em que o Paulo Vieira (Paulinho Briga) não estivesse ao seu lado. Foi a partir de 1996 que a parceria se firmaria, começando com algumas apresentações aqui e acolá até se concretizar de vez como músicos inseparáveis, tanto que o Mario fazia questão de falar nele até nas entrevistas, como a que ele deu à EPTV no programa Encontro, que abordou a cantora Vânia Lucas.
Testemunhei ao longo de 15 anos o Paulinho e o Mario tocando juntos onde quer que fosse, desde gravações importantes como nos bares da vida. Paulo Vieira e Mario Feres, profundos conhecedores do ritmo, da marcação correta e da levada na hora certa. O Mario fez uma música pra ele, de parceria com o amigo Sergio Ricardo, lendário personagem da Música Popular Brasileira. E o nome da canção não poderia ser outro: Deu Briga no Samba.
Era muito raro assistirmos a um show do Mario Feres em que o Paulo Vieira (Paulinho Briga) não estivesse ao seu lado. Foi a partir de 1996 que a parceria se firmaria, começando com algumas apresentações aqui e acolá até se concretizar de vez como músicos inseparáveis, tanto que o Mario fazia questão de falar nele até nas entrevistas, como a que ele deu à EPTV no programa Encontro, que abordou a cantora Vânia Lucas.
Testemunhei ao longo de 15 anos o Paulinho e o Mario tocando juntos onde quer que fosse, desde gravações importantes como nos bares da vida. Paulo Vieira e Mario Feres, profundos conhecedores do ritmo, da marcação correta e da levada na hora certa. O Mario fez uma música pra ele, de parceria com o amigo Sergio Ricardo, lendário personagem da Música Popular Brasileira. E o nome da canção não poderia ser outro: Deu Briga no Samba.
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